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I get overwhelmed

Atualizado: 24 de fev. de 2020


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Esse é o título da música trilha sonora do filme A Ghost Story (Sombras da Vida, 2017), filme responsável por mais um ponto de virada na minha vida. O dicionário define "get overwhelmed" como "ser tomado por uma forte emoção repentina". "Muito para se lidar".


Acredito que exista uma relação com o conceito de "inundação", recentemente definido pelo Ser Essência Terapias: "A inundação energética ocorre quando energia demais é introduzida num sistema, e isso trás a sensação de "excesso". A pessoa têm dificuldades de lidar com essa carga que a invade. Sensações de fraqueza, de queda, de desconexão, de tontura, de enjôo, de vertigem, de pânico e de confusão mental podem ser geradas em experiências de inundação. O nosso campo energético (enquanto campo de contato, filtragem e descarga de energia do nosso corpo) possui rupturas por onde ocorrem os "vazamentos" e por onde podem penetrar diretamente sem filtragem energias do inconsciente que nos inundam. Experiências de excesso de trabalho, estresse, vivências traumáticas ou excesso de substâncias psicoativas podem ser geradoras dessa inundação. A pessoa vive essa experiência sem que ela possa dar significado a essas sensações assustadoras e sem que ela tenha o controle sob si mesma."


Foi assim que me senti quando subiram os créditos desse filme projetado na parede do quarto da casa em que eu morava. O silêncio ensurdecedor daquela casa isolada no mato, a sensação de vazio, a angustia de saber que ainda existe tanto que eu não sei. Fiz algo até então inédito na minha vida de cinéfila: em vez de desligar o projetor ou escolher outro filme, eu simplesmente coloquei o cursor no começo e dei o play para assistir novamente. Eu estava tão em contato com o meu apego que nem do filme eu consegui me desapegar. Assisti mais uma vez. Cada cena, cada frame, cada gesto. Eu não sabia exatamente o que eu estava sentindo ou porque estava sentindo aquilo.


Pensei na minha mãe, no quanto é difícil a despedida. Cada dia um gesto que ela deixa de fazer. Uma palavra que ela deixa de falar. Uma pessoa que ela deixa de reconhecer. E eu não consigo suportar a ideia de que um dia ela não vai me oferecer o mesmo sorriso ou o mesmo olhar. De que um dia ela não vai mais estar por aqui. É muito apego. É muito.


Mas era mais que isso. Pensei na minha casa, no quanto era difícil me imaginar longe dali. Cada espaço. Cada cantinho. Cada sonho. Cada plano. O verde. A água. A terra. O concreto. A matéria. É muito.


Pensei então na minha vida, no quanto é difícil imaginar a finitude dessa existência. Desse corpo. Desse plano. Dessa história. De todas as conexões. É muito.


Acredito que existe um fluxo no universo e em todas as coisas ao qual estamos submetidos. Uma lei universal que determina esse movimento constante. O fluir. O abrir e fechar. Inspirar e espirar. Expandir e contrair. Nascer e morrer. E de alguma forma sabemos quando é hora de mover. Mudar de emprego, mudar de casa, sair de um relacionamento, fechar um ciclo.


Chorando copiosamente após assistir duas vezes seguidas a um filme sobre aceitar a morte, eu percebi que um ciclo tinha chegado ao fim. Eu estava teimosa insistindo em prolongá-lo. Apegada. Arrastando o tempo. Tentando me segurar.


Era 10 de março de 2019 e meu destino estava prestes a mudar.


Continua no próximo post



Ps. Enquanto isso, me faça o favor de assistir a esse filme e me chamar para tomar um chá para a gente passar horas filosofando sobre ele.





 
 
 

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